Cerca de 10 mil medicamentos estão na lista oficial. ”Idosos são os que mais sofrem com esses aumentos”, afirma Fé Juncal, presidente da AAPJR
Seguindo a alta acumulada da inflação nos últimos 12 meses, o segmento de medicamentos pode sofrer reajuste de até 12%, em média. Os novos preços dos remédios passarão a valer a partir de 1º de abril.
O percentual autorizado para o reajuste só deve ser divulgado ao final de março. Uma análise do Citi, no entanto, aponta que a alta deve ficar em torno de 10% – próxima à inflação registrada no ano passado, de 10,06%.
Essa definição é de responsabilidade da Câmara de Regulação de Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial vinculado à Agência Nacional de Vigilância sanitária (Anvisa). Se confirmado, será o maior reajuste em dez anos no país.
O reajuste leva em conta também, segundo a atual legislação, outros indicadores do setor.
Ausência de Políticas Públicas
A presidente da AAPJR, Fé Juncal, lembra que esse será mais um custo no bolso dos aposentados e pensionistas. ”A ausência de políticas públicas nessa área, como a Farmácia Popular, torna-se uma tormenta para a população. Há ainda o impasse com os medicamentos de alto custo que precisam ser fornecidos pelo Estado, mas o que vemos são municípios sofrendo com a falta desses remédios”, destaca Fé Juncal.
Ela lembra ainda que para piorar a situação, muitos aposentados e pensionistas perderam a chance de fazer a Revisão da Vida Toda, que estava sendo aguardada há muito tempo para ser aprovada e voltou à estaca zero por um pedido de vistas do ministro Nunes Marques, indicado de Bolsonaro. ”Os mais afetados acabam sendo os idosos que precisam tanto de medicamentos de uso contínuo, mas que vão enfrentar mais esse aumento, além do alto custo dos combustíveis e alimentos”, lamenta a presidente da Associação.
Aumentos diferenciados
Cerca de 10 mil medicamentos estão na lista oficial. E a atualização dos valores é feita anualmente. No ano passado, o reajuste ficou em 9%, em média, com máxima de 10,08%.
Considerando o percentual máximo e não a média, em 2020, o reajuste foi de até 5,21% e, em 2019, os medicamentos ficaram até 4,33% mais caros. Em 2018, o percentual máximo foi menor ainda, de 2,43%, enquanto em 2017 foi de 4,76%.
Em 2016, um ano fora da curva, o máximo aplicado foi de 12,5%. Foi a primeira vez que o aumento autorizado ultrapassou a inflação acumulada entre abril de 2015 e março de 2016, que foi de 10,36%.
Em 2015, a alta foi de até 6%; em 2014, até 3,52%; em 2013, de até 4,59%, e, em 2012, até 2,81%.
Mas o aumento não é linear. Ele poderá variar de um item para o outro. Os de baixa concorrência tendem a ter reajuste emnor, pois a CMED atua para coibir abuso de preço. E os de alta concorrência, como os genéricos, podem sofrer maior alteração, por terem mais liberdade de regulação no mercado. Então, de maneira geral, a variação poderá ser de 2% a 20% .
fontes: Agências de Notícias e EM