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AAPJR promove debate com ex-ministros sobre previdência social

“Reforma quer desmontar pilares de proteção aos aposentados e idosos”, diz Fé Juncal

A Associação dos Aposentados e Pensionistas de Jundiaí e Região realizou, em julho, um debate sobre a previdência social e o trabalho com a presença dos ex-ministros Carlos Gabas e Ricardo Berzoini. O senador Paulo Paim, relator do Estatuto do Trabalho, fez uma participação em vídeo, que foi transmitida ao vivo pela internet.

O intuito de promover debates como este, segundo a diretora-presidente da Associação dos Aposentados, Fé Juncal, é trazer o empoderamento para o aposentado e o trabalhador, para que eles tenham a consciência de que sem o bem-estar social, sem essa política pública, sem a previdência não há futuro. “Essa reforma da previdência demonstra que o governo quer desmontar os pilares de proteção não só dos aposentados, mas do cidadão brasileiro, que são a previdência, a saúde e a assistência social. “Quebrando estes três pilares como fica a situação do aposentado, do trabalhador, da família brasileira?”, questiona Fé.

Segundo ela, é preciso sempre realizar debates e plenárias. “Esses debates trazem mais informações para o associado aposentado e para o trabalhador e assim eles podem fomentar tais debates com a família, com os amigos e não ficam apenas com as informações que chegam prontas através das grandes mídias.”

A ideia da AAPJR é sempre ampliar o conhecimento do associado aposentado.É no debate que você constrói novas ideias e somente com o conhecimento garantimos os nossos direitos. Se a pessoa não sabe o que está acontecendo ao seu redor não poderá escolher o melhor caminho”, comenta Fé.

A diretora-presidente da Associação lembra ainda que nesses últimos 15 anos o aposentado teve muitos conquistas, entre elas o 13º e a database em janeiro. Mas uma das mais importantes conquistas dos aposentados, que inclusive nasceu em Jundiaí, com a classe trabalhadora dos ferroviários e dos bancários, foi a criação da previdência social. É ela que pode garantir o futuro do trabalhador aposentado. E mesmo sem a reforma, o atual governo vem minando a nossa previdência, diminuindo seus recursos, enfraquecendo o caixa. E vai chegar uma hora em que ela vai mesmo estar falida como o governo já alega estar. Por isso precisamos defendê-la.”

Quem abriu o debate da noite foi o senador Paulo Paim, que estava em Santana do Livramento numa audiência pública, mas falou aos presentes por meio de vídeo, e salientou que o problema da previdência social é de gestão. “A previdência nunca será deficitária se soubermos administrá-la.”

De acordo com o senador, é preciso combater a sonegação, a apropriação indébita, ampliar a fiscalização e parar de dar perdão aos grandes devedores. “É essa bagunça que traz prejuízos para o país.” Paim fez questão de repetir um recado que já deu ao presidente Michel Temer: “Tire as garras da previdência, ela não é dos banqueiros, nem do setor financeiro, ela é do povo”.

Paim também disse que a reforma trabalhista aprovada por Temer é um massacre, é a volta do trabalho escravo. “Tudo aquilo que foi construído desde Getúlio Vargas até Dilma desaparece. A lei não vale mais para o trabalhador, só vale a tal da negociação e quem tem a caneta na mão é quem acaba lucrando e explorando os trabalhadores.” Mas ele garante que uma nova CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) vem aí, em 2019. “E será entregue nas mãos de um presidente comprometido.”

Em seguida, o ex-ministro da Previdência Social de Dilma (2010/2011 e 2014/2015), Carlos Gabas, agradeceu o convite da Associação dos Aposentados e ressaltou que hoje o Brasil vive uma degradação brutal das condições de vida dos trabalhadores, que perderam direitos fundamentais. Segundo ele, essa reforma trabalhista e previdenciária trará efeitos nocivos para o povo, e por isso todos devem lutar para que ela não ocorra.

Gabas tem realizado uma série de debates com o tema “Humanidade ou Barbárie” pelo país. Ele ainda agradeceu a presença do ex-ministro da Previdência Social do governo Lula (2003/2004), Ricardo Berzoini, no encontro em Jundiaí. Berzoini, que também foi ministro-chefe da Secretaria do Governo e ministro das Comunicações e de Relações Internacionais no governo Dilma; e ministro do Trabalho e Emprego e da Previdência Social no governo Lula, disse durante o debate que a previdência é a proteção do trabalhador, pois garante a aposentadoria e a segurança aos seus direitos. Segundo ele, o Brasil precisa gerar mais empregos, melhorar a economia e não realizar reformas que são contrárias ao trabalhador, porque estas vão prejudicar ainda mais a situação social do país. “A previdência é do povo brasileiro, da classe trabalhadora e nós temos que defendê-la.

foto: Fé Juncal e Gabas em atividade no centro de Jundiaí