“O Brasil teve uma condução no enfrentamento à pandemia que não foi só pífia. Ela foi também intencional. Então parece que não há interesse de que as pessoas saibam o que está acontecendo”, avalia médica sanitarista. Ao todo, o país contabiliza 666.453 mortes.
Para a professora e médica sanitarista Karina Calife, o atual cenário da pandemia de covid-19 no Brasil mostra que o país foi precipitado ao flexibilizar as medidas de segurança sanitária, principalmente pela liberação do uso de máscaras em locais fechados.
Em entrevista ao programa Revista Brasil TVT, a especialista advertiu que a flexibilização pelo governo federal e em alguns estados e municípios “nunca teve um suporte do ponto de vista técnico e científico”, o que está diretamente associado ao registro de aumento de novos casos da doença do coronavírus.
“Foi precipitado porque a pandemia não acaba por decreto”, alertou. Conforme reportou a RBA, na última quinta (26), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou boletim Infogripe indicando uma tendência de aumento dos casos de covid-19 em todas as regiões do país, durante a última semana epidemiológica, entre 15 e 21 de maio.
Segundo o levantamento, a doença do novo coronavírus respondeu por cerca de 48% das ocorrências de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nas últimas quatro semanas. Em relação às mortes por SRAG, 84% estão relacionadas à covid.
O boletim ainda destaca que a tendência de crescimento de SRAG com o aumento de casos de covid-19 não é recente. Há sinais significativos de crescimento nas tendências de longo prazo (últimas 6 semanas) e de curto prazo (últimas 3 semanas).
Diante da alta, Karina Calife destaca que a população e as autoridades precisam retomar as medidas sanitárias.
“Na verdade, não deveríamos ter parado de nos cuidar. (É preciso ter) principalmente atenção à primeira, segunda ou terceira dose. E quarta dose para quem tiver no seu momento de fazer isso. E a utilização de máscaras em ambientes fechados, isso é fundamental”, destaca.
Os cuidados seguem
A médica sanitária ressalta que o Brasil viveu um período de trégua em relação ao cenário epidemiológico por conta da onda de ômicron, em janeiro de 2021. Assim como pelo avanço da vacinação. Mas o momento volta a ser de atenção e o aumento de casos deve continuar nas próximas semanas.
Ela enfatiza que essa não é a hora de tirar a máscara, especialmente em ambientes fechados. E comenta que o ideal é evitar ser infectado pela doença do novo coronavírus. Karina lembra que, mesmo que a vacinação venha também reduzindo o número de óbitos, estudos mostram entre 10% a 30% dos casos desenvolveram sequelas que diminuem a qualidade de vida ou mesmo a chamada covid longa.
“O Brasil teve uma condução no enfrentamento à pandemia que não foi só pífia. Ela foi também intencional. Então parece que não há interesse de que as pessoas saibam o que está acontecendo, o que significa o nosso comportamento no dia a dia, como podemos fazer para pelo menos diminuir as chances de que a gente se infecte ou de infectar as pessoas à nossa volta. Temos que entender essa importância de pacto coletivo para compreender que as desigualdades no Brasil e no mundo. Até que a gente resolva e consiga dar respostas tanto do ponto de vista de imunização, mas de alguns cuidados também”, garante a médica sanitarista.
Nesse domingo (29), o Brasil registrou oficialmente 62 mortes e 8.195 novos casos de covid-19, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Ao todo, o país contabiliza mais de 30.953.579 diagnósticos positivos para a doença do novo coronavírus e 666.453 vidas perdidas.
fonte RBA