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Remédios podem ficar até 4,33% mais caros a partir de domingo

Índice acima da inflação deverá valer para todos os tipos de medicamento

Todos os remédios vendidos no Brasil podem sofrer um aumento de até 4,33% a partir de domingo (31). O reajuste anual, estabelecido pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), se deu acima da inflação de 3,75% em 2018.

De acordo com a Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar), o reajuste anual é uma média da inflação acrescida à produtividade do setor farmacêutico no ano anterior ao da correção. O cálculo, ainda segundo a Febrafar, é baseado no Fator de Ajuste de Preços Relativos Entre Setores (Fator Y), fixado em 0,443% pela CMED.

As medicações, já com os valores corrigidos, começam a chegar às farmácias gradativamente, a partir de abril. O aumento atualiza a tabela de Preços Máximos ao Consumidor (PMC), gerado pelo CMED, e não gera elevação automática nem ajustes imediatos nas farmácias e drogarias, principalmente em relação aos remédios que registram grande concorrência.

O presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini, considera que o índice deste ano deverá repor os custos do ano passado, quando a alta do dólar encareceu a atividade do setor farmacêutico. “Em razão da alta concorrência, provavelmente os valores não serão repassados de maneira integral no varejo.”

O Sindusfarma argumenta que a inflação dos medicamentos fechou o ano passado em 1,63%, abaixo, portanto, do índice de reajuste autorizado pelo governo para 2018, que foi de 2,43%, na média.

O índice de reajuste de 2019 deverá valer para todos os grupos de medicamentos, prevê o sindicato. Na maioria dos anos anteriores, o governo estabeleceu três diferentes percentuais, sendo o maior aplicado aos produtos mais ofertados no mercado.

A adoção de três faixas para ajustar os preços depende do índice de produtividade do setor, conforme o padrão estabelecido pela Cmed. Como a produtividade apurada foi zero, o índice de reajuste deve ser linear. O Ministério da Saúde não confirma a adoção do índice único.

O aumento de 4,33% foi calculado com base na inflação, da qual foi descontada a produtividade da indústria farmacêutica e à qual foram somados os custos de produção não captados pelo IPCA, como a variação cambial e os insumos.


  • Como fugir do aumento
  • Dada a alta variedade de fabricantes e redes de farmácia, uma dica para tentar fugir do aumento é sempre pesquisar as diferentes opções de marcas e vendedores. “Sempre falamos para o consumidor: procure o melhor preço para comprar, você pode encontrar em locais medicamentos que tiveram um repasse menor”, afirmou Mussolini.
  • Segundo o presidente da Sindusfarma, essa dica funciona ainda mais com remédios mais populares, produzidos por um número maior de fabricantes.

Cuidado ao estocar remédios

Se você pensa em estocar remédios para aproveitar o preço velho, a validade não é o único quesito na hora de armazená-los.

Também é preciso tomar cuidado com a temperatura e a luminosidade de onde ficarão guardados. De acordo com Graciliano Ramos, professor de Farmacologia da Uncisal (Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas), os medicamentos no geral devem seguir os seguintes cuidados:

  • Sempre estar na validade
  • Manter entre 8°C e 25°C
  • Evitar alta luminosidade

“Expor os medicamentos a temperaturas superiores ou inferiores às indicadas pode trazer reações químicas com efeitos tóxicos”, afirmou Ramos. Ele dá o exemplo do antibiótico Tetraciclina. “Mesmo dentro da validade, se ele ficar acima de 25°C, pode ter uma reação que causa danos renais e pode levar até à necessidade de hemodiálise.”


O mesmo serve para a luminosidade.

Segundo o farmacologista, a exposição intensa à luz, mesmo fria, de lâmpadas LED, pode alterar as propriedades do medicamento. “Por isso os vidros de remédios vêm na cor âmbar, para colaborar com o controle luminoso.”

Se mantiver o medicamento nas condições indicadas, Ramos disse que basta prestar atenção na data de validade, mas nunca desrespeitá-la. “Fora da validade eles perdem os estabilizantes, não mantêm a estrutura clínica, o que os deixa extremamente tóxicos e nocivos.”

No fim das contas, o farmacologista disse não ver muitas vantagens no estoque. “Especialmente se você tiver criança ou pacientes em tratamento psiquiátrico em casa.
Não sei se vale o custo-benefício”, declarou Ramos.

fontes: Uol / Agora / Correio Bahia