menu

Fiocruz lança cartilhas sobre Saúde Mental na Pandemia

Cartilhas têm como mote ‘Você pode muito. Com informação, pode ainda mais‘. Baixe as cartilhas na íntegra em nosso site

Se você está irritado, sentindo medo, angústia ou tristeza, e com comportamentos como apetite em excesso, insônia e conflitos na família e no trabalho, você não está sozinho: essas reações são “normais” em uma situação “anormal” como a pandemia de coronavírus.

Estima-se que, numa situação como essa, se não houver intervenções, entre um terço e metade da população possa vir a sofrer algum problema psicológico e social.

Pensando nessa parcela significativa da população e na importância dos cuidados em saúde mental e psicossocial neste momento, pesquisadores colaboradores do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes/Fiocruz) produziram três cartilhas sobre o assunto, que podem ser acessadas aqui:

https://agencia.fiocruz.br/cartilhas-reunem-recomendacoes-em-saude-mental-na-pandemia

  1. RECOMENDAÇÕES GERAIS

https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/Sa%c3%bade-Mental-e-Aten%c3%a7%c3%a3o-Psicossocial-na-Pandemia-Covid-19-recomenda%c3%a7%c3%b5es-gerais.pdf

2. SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/Sa%c3%bade-Mental-e-Aten%c3%a7%c3%a3o-Psicossocial-na-Pandemia-Covid-19-recomenda%c3%a7%c3%b5es-para-gestores.pdf

3. RECOMENDAÇÕES PARA O CUIDADO DE CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE ISOLAMENTO HOSPITALAR

https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/Sa%c3%bade-Mental-e-Aten%c3%a7%c3%a3o-Psicossocial-na-Pandemia-Covid-19-recomenda%c3%a7%c3%b5es-para-o-cuidado-de-crian%c3%a7as-em-situa%c3%a7%c3%a3o-de-isolamento-hospitalar.pdf

Elaboradas sob a coordenação de Débora Noal e Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília, as cartilhas têm como mote Você pode muito; com informação, pode ainda mais. O primeiro documento, com recomendações gerais, alerta que, embora problemas psicológicos sejam comuns na situação atual, nem todos constituem, de fato, doenças. Portanto, as pessoas devem ficar atentas: quando os sintomas ficam persistentes, o sofrimento é intenso e começa a causar dificuldades profundas no cotidiano, é hora de buscar um serviço e atenção especializada. Entretanto, muitas vezes, é possível prevenir o risco de complicações mais sérias a partir de estratégias de cuidado psíquico, que começam por “reconhecer e acolher seus receios e medos” e passam também por “manter ativa a rede socioafetiva, estabelecendo contato, mesmo que virtual”. Evitar o uso de cigarro, álcool e outras drogas para lidar com as emoções também é muito importante.

Já no documento com recomendações para gestores, destacam-se as variadas estratégias de intervenção em saúde mental e atenção psicossocial, que podem e devem ser implementadas antes, durante e após a epidemia. As primeiras recomendações incluem ações educativas, identificação dos grupos mais vulneráveis e capacitação das equipes profissionais. Durante a epidemia, pode ocorrer sobrecarga de serviço para trabalhadores, mães e cuidadores, crises emocionais e de pânico, aumento dos casos de violência doméstica e do risco de suicídio, e mesmo a estigmatização das pessoas doentes, entre outros. Isso requer ações como a rápida avaliação das necessidades psicossociais da população, a manutenção dos serviços públicos essenciais para atender a essas demandas e a construção de redes solidárias, além de cuidados em saúde mental, especialmente, para as equipes que estão na linha de frente de resposta à epidemia. “Os familiares dos profissionais de saúde também estão mais propensos a apresentarem sofrimento psíquico durante a pandemia”, diz a cartilha.   

Há que se considerar ainda que, mesmo depois da epidemia, os problemas podem persistir, incluindo dificuldades para retomar as rotinas e atividades de trabalho, e para reenquadrar os projetos de vida. Nesse sentido, deve-se monitorar e avaliar as experiências e lições aprendidas, bem como consolidar ações interinstitucionais e com participação comunitária para a tomada de decisões, entre outras. “Faça um acompanhamento relativo ao bem-estar de sua equipe de forma regular, deixando-a à vontade para falar com você sobre seu estado mental e sua capacidade de trabalho. Não responsabilize individualmente o trabalhador que não estiver conseguindo lidar com a situação; isto é comum neste contexto”, afirma o documento.  

Outro aspecto fundamental, abordado na terceira cartilha, é que crianças compreendem a pandemia e comunicam seus sofrimentos de uma maneira diferenciada, em relação aos adultos. Dessa forma, são necessárias estratégias de cuidado específicas para elas, sobretudo se estiverem hospitalizadas, período durante o qual devem, idealmente, estar acompanhadas de um adulto de referência, com as devidas medidas de bem-estar e segurança. “O isolamento não pode se configurar como experiência de abandono; por isso, a ênfase na dimensão lúdica dos contatos, oportunizando, sempre que possível, alguma forma de brincar. Por exemplo, os Equipamentos de Proteção Individual e os espaços podem ser customizados, permitindo identificação e familiaridade com pessoas e ambientes”, recomenda a cartilha. Outras orientações incluem não mentir para as crianças sobre o diagnóstico e o tratamento; evitar que elas percam a noção da passagem do tempo; e facilitar que expressem seus pensamentos, sentimentos e percepções. “A qualidade da comunicação com a criança é o principal cuidado em saúde mental durante a internação”.

FONTE: AGÊNCIA FIOCRUZ